BLACKOUT

Psicologa formada em 2007 pela Universidade São Marcos. Perito e Examinadora de Trânsito (2011) pela Universidade Cruzeiro do Sul e Especialista em Gestão de Pessoas com Ênfase em Estratégia pela Fundação Getúlio Vargas.

Psicologa formada em 2007 pela Universidade São Marcos. Perito examinadora de Trânsito (2011) pela Universidade Cruzeiro do Sul e Especialista em Gestão de Pessoas com Ênfase em Estratégia pela Fundação Getúlio Vargas.

Um olhar através da janela

No dia 06 de junho, por volta das 14h20, durante uma conversa empolgante no Messenger com minha colega de trabalho M.C, fomos surpreendidas e interrompidas por um apagão, o qual mais tarde, soubemos que ocorreu em toda a cidade de Sorocaba e outras localidades. Logo pensei: “É uma questão de minutos e tudo voltará ao normal”.

— Hahahah. Já eram 20 h, e, nada em retornar a energia. Enquanto escurecia, os celulares que ainda dispunham de bateria, foram utilizados como fontes de energia para irmos à toalete, à cozinha, pegar um lanche, etc.

Nos corredores e escadas onde moro, as luzes de emergência já estavam em atividades, afinal, a qualquer momento algum vizinho poderia sair de casa. Da janela do meu apartamento a única coisa que enxergávamos eram os faróis dos diversos carros.

Pensei novamente: “Sem internet, portanto, sem watts, sem celular, sem notebook ao menos para ver meus arquivos ou fotos… A única coisa que restava era dormir”.

Mas para uma mulher contemporânea era cedo demais para dormir. Hora de acender as velas…. Estava formado na minha concepção um cenário muito antigo Quem nunca leu o livro: “Nos tempos dos meus bisavôs”?

A chuva, abundantemente, começou a cair, e a escuridão do céu misturou-se com a escuridão das ruas formando uma paisagem só. Senti como se eu estivesse em outra Era. Sem comunicação, sem atualização, quase que paralisada; sem contato com ninguém.

Meio ao silêncio, em plena segunda-feira, fiquei imaginando o porquê que as pessoas dormiam às 18h e acordavam às 5h da manhã. Voltei a refletir: “Antigamente as pessoas dormiam e acordavam cedo, atualmente, dormimos após às 23:00 e permanecemos (pelo menos para muitos) acordando cedo.

O que mudou? Somos seres humanos constituídos por células, porém, com características distintas. Será que nos tornamos mais resistentes? Ou, simplesmente, esgotamos nossas forças como as baterias dos celulares? O que nos permitimos hoje?

Somente consigo expressar a dificuldade, que durante aquele momento senti e vivenciei. A experiência de poder entrar em contato, durante horas, comigo mesma. O silêncio e a escuridão fizeram com que eu não pudesse fugir dos meus mais profundos pensamentos, dúvidas, ansiedades e angústias.

Em tempos, pós-modernidade, o homem substitui sua dor pelas imagens e curtidas alheias, sua ansiedade pelas chamadas aos fast food, por meio de aplicativos, sua raiva por filmes de ação, sua solidão pelas conversas em chats, e assim por diante…

Nos esquecemos do doce e suave som que vem das águas das chuvas que servem de aconchego para nossos corações e descanso para nossas mentes.

Publicado em 8 de julho de 2016, em Artigos. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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